Asti - Outono de festivais gastronómicos
17
Out

Asti - Outono de festivais gastronómicos

Rodeada pelas províncias de Turim, Alessandria e Cuneo, em pleno coração do Piemonte, a província de Asti está numa localização geográfica privilegiada entre as famosas colinas de Langhe, Monferrato e os Apeninos Ligures. Aqui o inverno é muito frio e o verão muito cálido, típico clima do vale do Pó. Asti, é uma província eminentemente agrícola e nos seus vales há sobretudo vinhedos.

A capital homónima da província foi fundada pelo Império Romano, embora, inclusive antes de que chegassem, os lígures já tinham estabelecido um povoado justamente onde se localiza atualmente a cidade. A sua época de maior esplendor foi sem dúvida a Idade Média, quando Asti passou a ser um centro comercial e financeiro muito importante. Hoje em dia podemos pressentir o passado glorioso da cidade bastando para tal fazer um passeio pelas suas ruas com os seus palácios e as suas casas medievais. Chamam a atenção entre as suas ruínas arquitetónicas a enorme quantidade de torres que ainda está em pé, de facto Asti era conhecida como a Cidade das 100 Torres e a cifra real chegou a ascender às 120 durante a Idade Média. Pela cidade cruzavam as principais passagens que levavam tanto à Suíça como a França, motivo pelo qual a sua situação estratégica e privilegiada foi tão disputada ao longo da história. As torres foram vitais para resistir aos constantes ataques e assaltos aos quais foi submetida.

A província de Asti conta com uma oferta gastronómica de reconhecido (e muito merecido) prestígio internacional. Todos os anos se realizam festivais de gastronomia de referência como o ”Festival delle sagre di Asti”, também conhecido como o “Festival dos Festivais”, acontece no segundo domingo de setembro, ocasião em que se improvisa um gigantesco restaurante ao ar livre, onde os vizinhos se deslocam de todos os pontos da região para oferecer as suas próprias especialidades culinárias, sempre acompanhadas do bom vinho da terra. Imagine a experiência fantástica que significa comer aqui?

Se há uma cidade no mundo que pode competir com Alba pelo reino da trufa branca, é Asti. Rivais históricas, na época das trufas lutam por oferecer as de melhor qualidade e algumas vezes Asti tenta adiantar a venda das suas trufas de outono no verão a fim de se antecipar à sua concorrente.

A tradição impregna muitos dos pratos de Asti, sempre com produtos próprios da província como o Cardo Gobbo de Nizza Monferrato. Trata-se do único cardo do mundo que pode ser consumido cru, para isso é necessário cultivar de uma maneira muito particular, dobrando o talo, de forma que este perca elasticidade e clorofila e branqueie adquirindo, assim, a maciez necessária para que possa ser consumido diretamente. Trata-se de um dos ingredientes indispensáveis para molhar na Bagna Cauda, que é um desses pratos cuja elaboração parece fácil, uma espécie de Fondie uma vez que é um molho quente onde se molham diferentes verduras, e como costuma ocorrer, encontramos diferentes ingredientes em função da parte do Piemonte onde nos encontremos. Este prato era muito popular na zona de Monferrato onde os trabalhadores do campo e as suas famílias comiam-na no final do dia para recuperar energias, cumprindo todos os requisitos próprios das receitas humildes: é económica, substanciosa e rápida. Bagna Cauda quer dizer “banho quente”, uma vez que através do nome temos uma ideia do reconfortante que é comê-la. Duas coisas importantes: deve ser elaborada e comida num recipiente de barro, e nunca devemos deixar que ferva. Imaginemos estes agricultores depois de um dia de vindima sentados em redor das brasas com o seu tacho de barro no centro, enquanto cada um deles introduz as suas verduras neste molho… Também se diz que este prato representa a hospitalidade e a amizade. A receita original é elaborada com óleo de noz, anchovas, alho e, na melhor das hipóteses, trufas brancas para finalizar. Por vezes acrescentava-se um pouco de água para poupar óleo, mas quando as condições económicas melhoraram eliminou-se a água e incorporou-se a manteiga. Logo foi introduzido o azeite de oliva da vizinha Ligúria, produto da barganha entre lígures e piemonteses, tal como as anchovas, uma vez que por esta zona se encontrava o conhecido “caminho do sal”. A Bagna Cauda é perfeita acompanhada de um vinho tinto da região com muito corpo, sugerimos o Barbera D’Alba.

É muito provável que já tenha ouvido falar de Asti pelo seu famoso vinho espumante, o “Asti Spumante”, uns dos vinhos italianos mais exportados juntamente com o Lambrusco e o Prosecco. Branco, de sabor doce e frutado, muito aromático e com matizes secos, é um vinho perfeito para brindar nas comemorações, também harmoniza com qualquer tipo de sobremesas e pratos doces. No Natal nunca pode faltar para acompanhar o Panettone. Outro vinho de Asti que também combina muito bem com doces é o Moscato d’Asti, um moscatel suave muito frutado e de aroma intenso. A verdade é que Asti tem vinhos fantásticos, por isso recomendamos o festival Douja d’Or realizado em setembro para poder descobri-los. Há poucos planos melhores para a altura do outono do que passá-lo no Piemonte provando as especialidades locais. Sem dúvida, de setembro a novembro, a cozinha do Piemonte brilha em todo o seu esplendor, até ao ponto de ficarmos impacientes nas últimas semanas do verão… Estamos a desejar a chegada do outono com todas as suas consequências… e os seus encantos gastronómicos!

Continuaremos a percorrer o Piemonte para desfrutar de tudo o que nos oferece… O nosso próximo destino é Cuneo, e especialmente a feira da trufa branca de Alba. Estamos ansiosos!

44.9007512, 8.2064257

Asti

Asti (em italiano Província di Asti) é uma província na região do Piemonte, em Itália. A sua capital é a cidade de Asti.

População: 208.339 hab.

Superfície: 1,511 kmª